sábado, 4 de abril de 2015

Yo te prefiero...


...fuera de foco
inalcanzable hey!

Yo te prefiero
irreversible
casi intocable hey!


Ele voltou, manso, com sorrisos tímidos, me envolvendo em palavras, em olhares, com toques na memória que me remetiam 
O beijo na bochecha dele, a maciez da pele, a aspereza da barba: repito a imagem, o tato, o cheiro, mentalmente, todo dia. Trepamos na minha cama, a cena se repete.
Hoje não é um dia bom. Ontem foi pior. Quando se dorme com um choro engasgado, um choro indeciso entre a traqueia e o esôfago. Mas se você me diz que gosto mais das coisas do que de você, eu quebro ou rasgo o que for para provar que não. Dramático, hum? Magnanesco. Ontem rasguei 2 livros meus — antigos, de poetas antigos mortos antigamente — num momento de alta tensão. Não me arrependo pelos livros. São coisas, posso quebrá-las. São minhas veias, posso rompê-las. Já o cansaço. O cansaço de tudo vem a miúdo. Disfarçado ou à paisana. Fica no canto do quarto me olhando por trás do jornal aberto. Não conheço seu rosto. Um chapéu cobre os olhos. Não poderia ser diferente. O cansaço é um detetive noir.