domingo, 2 de setembro de 2018

Alaska


Estava frio.
Tão frio que precisava de um outro corpo pra esquentar.
E tinha o corpo dele.
As mãos.
As mãos que me puxaram pela cintura e me sentou no colo. Tudo isso com um riso na boca.
As mãos dele finalmente iriam me tocar.
Ele ria do meu nervosismo.
Calmo e tranquilo, me disse com os olhos que eu podia dominar.
Tinha ficado nervosa até o primeiro beijo. Mas depois ele era meu.
Isso me excita, por que não gosto de ser a presa.
Tinha o gosto dele, hálito de quem queimou um pouco antes.
Os detalhes dele, o brinco, as tatuagens no braço, a aspereza da barba.
Eu gosto de dar prazer.
Eu gosto quando se perde em mim.
Eu gosto de mexer como uma puta, é quase teatral.
Eu faço de propósito.
Eu coloquei na boca, enquanto segurava meu cabelo.
Foi ai que ele decidiu me colocar de quatro e subir meu vestido.
Eu deixo por que sou boazinha. E ele não é tão bonzinho assim.
Me puxa pelo cabelo onde eu fico com o rosto bem levantado e me dá uns tapas.
Eu não aguento e o gozo escorre pelas pernas.
Vai me arrastando pela cama e me coloca em cima dele.
O pau dele me da a sensação que estou sentada numa tora.
A sensação é que eu estou completa dele.
Eu comecei devagar pra me encaixar, e ele de olhos fechados gemendo.
Nossos barulhos vão ficando mais forte com o peso do orgasmo.
Eu gozo. Ele goza.
O quarto não está mais frio.

JN

Eu já sei quando está rindo quando eu te escrevo.

Psycho voa livre

Houve uma época que era comum ter amigos virtuais sabe. Não lembro muito bem do que se falava, mas se falavam, todos os dias, e não tínhamos celular com mensagens instantanea. Era por MSN, depoimento no Orkut, mandava um torpedo. Eu queria ir na terra dele e fui, ele queria vir na minha e veio.
Eu tinha 17 ele 16. Nossa primeira conversa foi sobre o vestibular. Com o tempo as conversas foram mudando o tema. Viraram apoio, irmandade e dificuldades. Era tão fácil dividir quem eu era. Sempre foi tão fácil, como eu fui tão bem aceita pela turma dele.
Pela casa dele, pela cidade dele. Até no ensaio da banda dele. Acho que até o gato dele gostava mais de mim. Haha.
E já teve brigas, irmãos brigam. E ele teve que ser paciente comigo. Muito! Acho que ele já quis me matar algumas vezes. Lembro de algumas. Lembro de todos os encontros, eu perdi um voo, e ele também. Já destrinchamos o caos. Especulamos sobre o mundo. Desvendamos o futuro.
Matheus virou minha família. Não é visita, é de casa.
E minha casa está mais longe agora.
Minha casa voa livre.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

domingo, 8 de julho de 2018

Qualquer dia desses

Adoeci na sexta a noite, passei mal um bocado. De manhã as oito da manhã tava na pauta, fui no centro e na periferia, e levei um banho de lama de um mal educado que passou numa caminhonete.

Ouvi as pessoas falando bem e falando mal sobre como é morar em Boa Vista. Liguei insanamente pra intituição me responder se eles estão mesmo fazendo seu trabalho.

Pedi um café na cafeteria ao lado do jornal, chegou 40 minutos depois.

Ouvi o barulho dos meus dedos teclando textos. Ouvi música que me lembra alguém.

Recebi uma visita de alguém que não mora em Boa Vista. Teve beijo na boca descompromissado.

sábado, 9 de junho de 2018

Amanhece

quero-quero
tô passando aí
braço firme na cintura
desejo no olho feito fogo
quero-quero
sem jogo

e cola
e rola
não deixa espaço pra dúvida
não deixa espaço pra dívida
não deixa espaço pra dor

energia pura
que cria e cura
quero-quero
corpo-ar, alma leve
e o rádio toca
sincero
um sambinha breve.


Por Eli Macuxi, provavelmente falando sobre um dos meus encontros casuais

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Uma carta de 2014

Eu me lembro dela todos os dias, das músicas que ele ouvia, de ir no supermercado segurando sua mão, de ganhar jóias de aniversário, dela cantando parabéns de manhã me acordando pra ir pra aula, sinto falta principalmente disso, por que acho 13 aniversários muito pouco. 
Sinto saudade dela dizendo meu primeiro e segundo nome em voz alta, da comida maravilhosa que ele fazia, de vestir os sapatos e as roupas dela, mesmo que maiores.
Existem aquelas datas que fica um pouco mais díficil de respirar, que você suspira e pensa "-Porque?". Na verdade, a fase da raiva passou, agora é uma saudade silenciosa, um baid aid emocional, uma dorzinha no coração, uma pontada.
Ás vezes eu acordo com um barulho na cozinha, um cheiro de café rodeando a casa, uma música suave animando o começo da manhã e imagino que seja verdade quando se diz que a' vida é bem mais vida de manhã...quando eu vejo você'. Por que eu ainda vejo você, em mim, na Fella, na Patrícia e na Bia.
Eu ainda vejo você, feliz aniversário. Te amo (F)

Cara cteres

Parece que vai assim passando os anos, os tempos, os temas, as músicas, os quilômetros, os milhões de caracteres, e sempre sobra você. Um sinal para alegrar o dia x)

terça-feira, 22 de maio de 2018

Carta para Beatriz

Beatriz Eduarda,
talvez você não saiba disso mas eu adoro nomes compostos, assim escolhi o nome da sua mãe e das suas tias. Gostava de dizer Patrícia Kelly, Raisa Patrizia e Paola Rafaella em voz alta quando apresentava as minhas filhas.
talvez você não saiba disso, mas o seu nome era dito por mim em voz alta muito antes de você nascer, quando eu ficava com as meninas planejando o futuro falava de uma neta que teria esse nome, fico feliz de saber que a Patrícia cumpriu essa promessa. Eu já sabia seu nome.
talvez você não saiba disso, mas planejar o aniversário de quinze anos da sua mãe foi uma loucura, decidimos fazer a festa em cima da hora, vestido, bolo, aluguel do local. Deu tudo certo. Fico feliz em saber que ela e seu pai planejaram essa festa com calma e cuidado. E que também deu tudo certo.
talvez você não saiba disso, mas você é exatamente igual a tudo o que eu desejei numa neta. Tem os lindos olhos do seu pai e o sorriso da sua mãe. Mas sua personalidade é o que é mais encanta. Sei que você e com sua família, sempre enfrentaram muitas dificuldades, mas ver que tudo isso só fez de vocês mais fortes, me acalma o coração.
talvez você não saiba disso, mas todo esse valor a família e carinho que tua mãe tem junto com as tuas tias, foi ensinado por mim. Eu ensinei que elas deveriam se amar e respeitar, e nunca brigar acima de tudo. E dessa forma, ensinei isso pra você também.
talvez você não saiba disso, mas você é o grande amor da minha vida, e todo o amor que sinto eu transmito pelos seus pais, avos, bisavó, tios, primos. É por meio deles, que apesar de anos, que eu não esteja mais com vocês, consigo estar presente na sua vida todos os dias.
Beatriz nós escrevemos essa carta, pensando em tudo o que a tua avó falaria se ela estivesse aqui no teu aniversário de quinze anos. Esse pensamento sempre nos vêem na mente quando vemos você, hoje em especial, por que a data em que se completa quinze anos é muito importante para a moça que a cada dia está mais próximo de ser uma mulher.
Pensamos que ela nunca te levou na escola, ou te acordou pra ir pra aula. Mas sabemos de que onde ela estiver, ela está com você. Você é um orgulho e o grande amor da sua avó. Nós tomamos essa liberdade, de usar nossas palavras pra transmitir esse sentimentos. E assim como ela nos guia todos os dias, ela também nos guiou nesse momento.
*Isah Carvalho - Escrevi o texto depois de uma conversa que tive com a Paola e Patrícia, dizendo memórias, estávamos planejando o aniversário dessa jovem. Foi tão lindo .
Ainda bem que a Paola Carvalho teve força pra ler o texto em voz alta. Eu mesmo, não conseguiria. 
19. 05.2018

Father

Não foi de um dia para o outro, foram anos e anos de decisões erradas, de atitudes que foram tomadas sem pensar. 

Foi uma construção minuciosa de desapego, de distanciamento, de palavas que machucaram, a ausência, a falta de compromisso. 

É muito fácil construir um desafeto. Difícil é amar, perdoar, querer o bem. Só quando você perdoa verdadeiramente a si mesmo, é possível perdoar o outro. 

Eu quis me manter longe e fingir que nada estava acontecendo. Mas só quando segurei tua mão que percebi que o amor é a peça fundamental em uma recuperação.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Feliz aniversário

Toda vez quando chego em casa me deparo com uma foto sua
Na imagem, você carrega a Fellinha no colo, eu e a Patrícia disputamos o espaço entre as pernas
Era carnaval, então eu usava uma fantasia colorida.
Estamos nos preparativos do aniversário da Beatriz de quinze anos
Quando saiu as primeiras fotos do ensaio, a primeira coisa que me veio a cabeça foi você
Fiquei imaginando o quão orgulhosa estaria da tua única neta ser tão linda assim

Esses dias recebemos a visita de um primo teu em casa.
Ele bateu palmas e a Fella abriu a janela
Teu primo disse que se emocionou, era como se estivesse vendo você
Eu e papai nos aproximamos novamente
Temos almoços no dias de domingo
e ele manda fotos com sorrisos no celular.
Fazemos graça e piada um com o outro
Toda vez que eu conheço alguém novo,
falo sobre você
não sei se é o drama da minha vida
ou se não existe outra forma de falar de mim, sem mencionar você.
Acabei de fazer as contas pra saber qual seria a idade nova
Hoje a garganta está um pouco mais pesada
o band aid emocional faz o seu papel
Eu escrevo essa carta
Mas sei, que de alguma forma, você sabe de tudo isso.
Feliz aniversário, saudades eternas. Te amo.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Tyrannosaurus Sex

Eu sou um dinossauro em extinção. No fim do horizonte, eu vejo um meteoro se aproximando.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Café II

Eu sou outra pessoas depois de duas xícaras de cafe´. Eu sou duas xícaras de café depois de outra pessoa.

Café

O café tá doce, fraco, quente, mas tão amoroso que quase me abraça de tanto arrimo

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Aqueles dois

A verdade é que eles poderiam muito bem ensinar a receita da felicidade para aqueles que passam pela vida. Lembro dele e me desespero. Penso nela, e me aperto o coração e digo em voz alta: Ela não merece.

 Quisera eu, decidir que pessoas que fazem o bem, não sofressem. Quisera eu, que essa história tivesse sido um pesadelo. Ou então, que não tivesse acontecido com pessoas tão próximas.

No último café, ela disse: Vamos nos casar. Eu pensei: finalmente, é a recompensa. Dias de sofrimentos intercalados com a felicidade intensa, é assim que a vida deveria ser. Meu Deus, que tragédia. Lembro dele, penso nela. Aqueles dois.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Sobre amizade

Quando quero explicar o meu grau de amizade com a Fella, sempre relembro o fato de que durante um tempo em nossas vidas, nós fomos apenas nós duas. Depois que a mamãe faleceu e ainda éramos crianças aprendemos a cuidar uma da outra, viramos melhores amigas, mas nossa história de amizade começa bem antes. 
Uma das minhas memórias mais antigas é a minha primeira festa de aniversário com cinco anos, foi a primeira vez que tive uma festa grande, onde eu usei um vestido vermelho, tinha chapeuzinho e um bolo grande. Todo o aniversário foi gravado numa fita cassete o que deixa a memória mais viva, por que assistimos várias vezes. 
Naquele dia eu ganhei vários brinquedos,os favoritos foram dois ursinhos de pelúcia cor de rosa. Era meu presente e eu decidi que o outro presente seria da minha irmã. 
A Paola naquele dia estava aprendendo a jogar beijinhos, ela fazia o movimento para a câmera. Eu lembro de entender que tudo que eu tinha de bom eu queria dividir com ela, principal mente aqueles dois brinquedos e essa sensação existe até hoje.
 Eu não entendia o mundo, a vida, os adultos, mal entendia as letras, as cores, os brinquedos. Mas eu já sabia amar alguém. Assim iniciou uma amizade, não no momento mais difícil que passamos, foi a partir daquele momento em que começamos a nos entender como gente que eu aprendi o que era amor incondicional. 
 Hoje em dia eu sei que existe alma gêmea, é que o amor é predestinado desde quando nascemos. Não foram as circunstâncias da vida que nós fizeram amigas, nós já nascemos para amar e cuidar uma da outra. Para sempre. Feliz aniversário neném. Que seu dia seja feliz.

Oceano

Nos últimos dias acordei bem mais cedo do que costumo acordar, vi o por do sol sentada no meio da praia, também vi o céu amanhecer em cima das nuvens, tive febre de tanto que fiquei no sol. Eu nadei, conheci uma tartaruga e um besouro cantor, deixei minhas pernas e braços boiarem na água salgada. Conheci um lugar novo, achei que ia sentir medo de uma escada dentro de uma gruta, acho que senti, mas quando vi eu estava lá dentro. Escorreguei e cai em cima de umas pedras. Tenho uma nova cicatriz. Escrevi um nome na areia. Li poesia. Vivi poesia. Ganhei uma idade nova. Acho que sou a menina de trinta e um anos mais moleca que existe nesse mundo. Ah e o besouro me disse: 'no final, o amor que você recebe é compatível com o amor que você entrega'.

Só mais uma carta

É certo, eu já devo ter dito em algum lugar, em voz alta, que não escreveria mais sobre você. Mas como não me apego a promessas. E sou um ser sem palavra, aqui estou eu.
Esses dias acordei com o coração pulando mais rápido. A nítida impressão de que eu tinha acordado no passado. Quando olhei pro lado, você tava enrolando um na mesa perto da cama. A música era dos anos 70, apesar de toda essa aparência desapegada, o teu som ainda era o tradicional. Olhei e você estava cristalizado no tempo, preso, congelado em âmbar.
Como o inseto naquele anel naquele mercado na Liberdade.E você hoje me apareceu do nada.
Pra implicar com o meu sono pesado como fazia naqueles tempos loucos.
Claro que ia haver uma avalanche, baby, claro que ia dar vendaval.
Os planos, as viagens, as músicas que ouvimos lá pelas três da manhã.
Eu aprendendo obscenidades no graphic novel que voce me deu.
Hoje te enviei uma foto nossa, eu usava franja e você usava uma camiseta do Pink Floyd. Você disse: - Eu usei essa camiseta hoje, foi coincidência? Acho que não. -Nossa isso foi cruel.
Nós não merecíamos aquele fim patético no corredor do hotel, aquele arremedo de naturalidade, você fica feio sem saber o que fazer com as mãos nos bolsos, eu viro uma pessoa ruim em situações de fragilidade.
Hoje você me apareceu pra implicar com o meu sono pesado.
E me fazer lembrar de músculos exatos, de certos pêlos, daquele cheiro de vick vaporub no suor.
São assim os romances dessa vida.
Eu sempre terei coisas pra murmurar no teu ouvido.
Cautelosamente pessimistas em nossos diagnósticos, severamente otimistas em nossas esperanças - Zygmunt Bauman