O problema é que são medidas paliativas, gozar de uma noite suada de uma
intensa companhia que não se sabe o nome ao certo é fantástico - mesmo,
mas fazer disso uma rotina, acredite, é vazio.
O fato do sexo ser superado pela conchinha é o simbolismo da troca de
cheiros, do encaixe, do sentir e entrelaçar os pés, de colocar a perna
sobre o corpo dele, ou sentir a perna dele sobre a minha. É o de conversar
na cama, de luz apagada, por horas, até dormir e, mesmo tendo iniciado a
tentativa de sono bem cedo, dizer boa noite já ouvindo o barulho do dia começando do lado
de fora.
Sexo por sexo, vulgarizou-se, e de novo, não no sentido
puritano, mas é o mais fácil de se ter, não precisa ter intimidade,
basta vontade e, pronto, você se ajeita.
Intimidade, agora, intimidade é díficil, isso aí já
exige construção e a conchinha é você dormir num porto, confortável,
confiável, sem suspeita ou qualquer sensação que não seja a de que,
apesar dessa imensidão de gente perdida, que se esbarram, não se olham,
se tocam, saem, se relacionam e sofrem, você, agora, provavelmente tem
alguém.
E a minha conclusão é: eu não tenho ninguém há tempos.
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